segunda-feira, 28 de junho de 2010


Longe, lá de longe
de onde toda a beleza do mundo se esconde
Mande para ontem
uma voz que se expanda e suspenda esse instante..."
(Os Tribalistas - lá de longe)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

cá com os botões

Quando eu era mais nova, desenhava personagens com características desconexas e os colocava em situações adversas que só faziam sentido dentro da minha cabeça, ou não. Eu rabiscava sem pensar, sem propósito, nem começo, nem meio, nem fim.
Quando eu cresci mais um bocado notei que por mais cheio de linhas que o papel estivesse, ainda me parecia vazio, bobo demais, raso demais. Procurei um sentido praquilo, mas não encontrava, então voltava a desenhar por desenhar, retratando um universo a minha volta com uma técnica mais madura, porém sem estilo. Sem personalidade. Ia e voltava nessa busca, no questionamento 'por que pra que' daquilo que fazia, mas era o mesmo que um cachorro correndo atrás da própria cauda: andar em círculos e nunca chegar a lugar algum. Percebi então que não adiantava eu achar um sentido se nem ao menos sabia se ele existia de fato. Fiquei sem rumo, com uma falta de apetite das canetas, dos lápis, do papel.. perdi quase completamente o prazer de ver curvas e retas se formando a partir do que minha mão direita regia. Pausei.

Pausei, analisei tudo de longe, como se me colocasse na frente de um espelho, mais que isso, me vi como quem visse outra pessoa. Olhei, analisei, contemplei, critiquei, teorizei e refiz, retoquei, apaguei, rabisquei e vandalizei. Tudo.
Às vezes para nos encontrarmos e encontrarmos um sentido para aquilo que somos ou o que fazemos, é preciso recomeçar do zero. Recriar-se a partir daquelas linhas infantis, das mais tortas possíveis, reconhecer em si cada cor, pintar-se diferente, adicionar novas linhas ao modelo original, customizar-se. Pronto.
Inspirar, expirar, respirar.
O sentido que procurei estava extamente no primeiro lugar que deveria ter procurado e na última hipótese que poderia ter pensado.
O sentido está nos sentidosNos sentidos básicos, visão, olfato, paladar, audição e tato. Todos atentos para tranformar tudo em volta num sentido só. 
Sinestésico. É a parcela pequena do que fazemos diariamente: juntar as coisas todas numa só.
Meu sentido está no que eu sinto. O que eu sinto é o que forma meu senso. E isso não precisa fazer sentido nenhum.
Minhas imagens não precisam ter um sentido literal total nem total sensível, não é uma busca pelo belo, pelo perfeito, nada disso. O original está nos olhos daqueles que o veem. Singular. Plural.

terça-feira, 22 de junho de 2010


La vie en rose.

domingo, 30 de maio de 2010

[ Camaleão - maio de 2010 ]

Se fosse um animal, qual seria? Um leão, por que ele é bom líder, por que tem uma juba supimpa ou pois você simplesmente simpatiza com o Simba? Um cachorro por que ele é companheiro e corajoso? Um gato pois ele é malandro e misterioso? Uma formiga por que você tem uma infinidade de amigos e gosta de trabalhar em equipe? Além das atribuições rasas, qual animal seria?
Depois me muito observar os animais bípedes a minha volta, pude notar que essa selva também é repleta de espécimes curiosas. Mas que animal eu sou? Qual eu vejo em mim?
Eis que me surge o camaleão. Tá. Por quê?
Da família dos largartos, são criaturas miúdas que se movem devagar pra não serem notados, alguns tem capacidade de trocar de cor de acordo com o ambiente para se camuflares e seus olhos podem se mover independentemente um do outro, digamos que eles têm um ponto de vista mais amplo das coisas. Cultura nerd, iupi.Enfim, conseguem se adaptar com incrível destreza em diferentes ambientes. É sorrateiro. É o animal em mim.
Aliás, todos temos um pouco dele em nós. Há quem use a tal camuglegem pra fingir ser o que não é, para a própria proteção, por interesse, por medo, para ser igual num âmbito social ao qual não pertence, por N motivos que não convém agora dize-los. Todo dia somos parte nós mesmos, seres individuais pouco ou quase nada originais e parte seres camaleônicos. O que nos difere é o quanto somos de cada parte, e como usamos a habilidade de adaptação em terreno "inimigo". Tem lá seu lado positivo e negativo esse animal, como qualquer outro. O leão nem sempre é o rei da cocada preta, o cachorro pode muito bem ter um siricutico e morder o próprio rabo, ou o próprio dono, a sete vidas do gato um dia acabam e ele não vai cair em pé, e a formiga quase sempre morre a míngua, sozinha.
Qual a máscara de hoje?